Caso 29 - Gênio

 Este caso relaciona-se com a mente humana. É uma história singela, mas serve de base para um futuro aprofundamento, no qual parte dos mistérios existentes hoje e relatados neste blog poderão ser melhor analisados.

Já falamos sobre vícios e problemas mentais nos casos 10 e 13, respectivamente. Agora falaremos sobre a memória humana.

Eu era um menino, tinha meus 10 anos e era um aluno relativamente esforçado. Tirava sempre boas notas e era um bom aluno. Sempre entre os com melhores notas em todas as séries. Não era de forma alguma um gênio, mas era dedicado e esforçado na medida em que o eram as crianças que estudavam no sistema público de ensino básico brasileiro nas décadas de 70 e 80, sempre muito fraco e precário. E como dentro de casa meus pais eram também muito mal instruídos, meus esforços se resumiam a aprender passivamente o que era passado pelas professoras da época, sem maiores esforços extraclasse ou em outras escolas especiais.

Mas então em uma tarde qualquer uma professora mais esperta apareceu com um brinquedo que era uma febre na época. Era o gênio.

Gênio era um círculo de plástico colorido parecido com um grande biscoito furado, um donuts, com um circuito eletrônico dentro que emitia sequências aleatórias de bips e acendia luzes em um dos quatro quadrantes coloridos no topo do círculo. Quando o bip era emitido, com um timbre próprio, um quadrante também com uma cor própria se acendia. Então era preciso apertar o quadrante, que era um grande botão móvel, e o Gênio reiniciava a sequência de bips, sempre repetindo os bips anteriores. Ele começava com um único e primeiro bip e na medida em que os grandes botões coloridos eram prensados corretamente, ele ia aumentando a sequência de bips, até que alguém conseguisse preencher toda a sequência completa, que era de cerca de 16 bips e piscadas.

Se alguém errasse a sequência e pressionasse um botão errado, o Gênio emitia um piscado triste de erro e o jogador era eliminado do jogo. Se o jogador não errasse e fosse capaz de lembrar corretamente a longa sequência de bips, ele vencia o Gênio e este admitia a derrota piscando alegremente suas luzes em sinal de submissão e cumprimento ao vencedor de boa memória.

E nós, alunos, passamos a tarde jogando na sala de aula, sob o comando da professora, o jogo eletrônico da memória.

Era uma sala pequena, com uns trinta alunos, e logo vários foram eliminados.

Fui ficando, ficando e ficando até que acabei sendo o único aluno que chegou ao final da sequência, vencendo o Gênio.

Eu vencera a máquina,

Mas quão boa era a minha memória?

Quão boas são as nossas memórias?

Mas então, em um domingo qualquer, no Fantástico, eu ouvi falar de um rapaz em algum lugar do mundo que tinha decorado a lista telefônica.

E na Bíblia eu li que Salomão fora a pessoa mais sábia do mundo.

Essas novidades me desanimaram.

Mas a memória humana é fascinante. Misteriosa, ela vive criando casos que nos deixam assombrados. Minha vitória contra o joguinho foi coisa que muito me enobreceu, mas depois de casos e mais casos de mentes com memórias absurdamente potentes, entendi que sou uma pessoa comum, com uma memória comum, embora que esses muitos casos mereçam ser estudados e entendidos como anormalidades da natureza humana.

Se você tem uma memória prodigiosa ou tem alguma característica curiosa sobre ela, conte-nos.

Sim, e falaremos sobre as falhas de memória também.

Falaremos, no seu devido tempo, dos deja vus e das falsas memórias, e de como elas afetam nossa interpretação de casos diversos de fenômenos estranhos e o registro acurado e verídico dos mesmos.

Lembre-se: falaremos sobre a memória por aqui.

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