Caso 18 - A casa dos russos

Eu disse no Caso 2, que trata da ameaça que seres humanos podem representar para outros seres humanos, que tomar cuidado com estranhos é uma recomendação que nossas mães nos faz quando ainda somos muito pequenos. A despeito de todos os riscos naturais que as pessoas podem enfrentar ao longo da vida, a ameaça de outro ser humano ainda é um dos maiores desafios. Afinal, raios podem ser desviados para as torres dos prédios, os leões e ursos podem ser mortos ou espantados por uma série de meios, mas como saber a verdadeira intenção de outro ser humano?
Somos naturalmente dotados de recursos psicológicos que nos auxiliam a identificar quando uma pessoa a princípio inofensiva passa a representar algum perigo. Somos também bem preparados para identificar seres humanos que conhecemos daqueles que não conhecemos. Somos capazes de criar mecanismos para evitar pessoas perigosas que conhecemos, e podemos rapidamente perceber a intenção de um estranho hostil.
Mas seres humanos são animais inteligentes. Eles podem fingir suas intenções. Pessoas perigosas podem fingir serem amistosas. Pessoas conhecidas e amistosas podem mudar de intenção e serem hostis sem a nossa desconfiança prévia. Lidar com outros animais é bem mais fácil. Um leão, até prova em contrário, nos tomará por comida. Uma cobra nos tomará por uma ameaça e nos picará. Animais tendem a ter comportamentos bem conhecidos e quase invariáveis. Seres humanos nem sempre.
Esse caso trata de uma velha história daquelas contadas nas noites dos sábados por minha avó quando eu era ainda um menino. Ainda assim, é uma história estranha.
Ela trata do risco humano.
Como também já disse no Caso 9, minha avó vivera uma vida muito difícil ao longo do Século XX. Tendo se mudado para a cidade onde viveu por grande parte de sua vida, ainda que não continuamente, ela viu a região se transformar de florestas nativas a uma infinidade de propriedades rurais com uma grande diversidade de gente e de atividades.
Não longe dos maiores centros no início do Século XX, era uma região que oferecia a promessa de grandes oportunidades de riquezas se viesse a ser corretamente explorada. Impulsionados pelo modelo de capitalismo britânico, os governantes da época se propuseram a abrir a floresta que cobria a região e construir uma ferrovia para servir de estímulo e escoadouro para as terras a serem exploradas. Era muita terra boa à disposição, exceto pela falta de mão de obra disponível para explorá-la. Encerrado o modelo de trabalho escravo no final do Século XIX, restava então a esses governantes obter mão de obra de fora do país por meio do incentivo à imigração.
Esforços foram feitos e os imigrantes chegaram aos poucos. Minha avó foi aos cinco anos de idade morar na região acompanhando seus pais que moravam não muito longe dali, em uma cidadezinha na época então menos promissora. Na medida em que foi crescendo, minha avó foi tendo contato com os moradores da região, pessoas que adquiriram terras por meio de um amplo processo de reforma agrária promovido pelo governo que deu lotes padronizados a imigrantes dos mais diversos países, principalmente da Europa.
Italianos, espanhóis, portugueses, alemães vieram em quantidade razoável. Terminada a Primeira Guerra Mundial, muitas famílias europeias certamente viram no Brasil um local atrativo para recomeçarem a vida.
O tempo passou, minha avó se casou, teve filhos, passou por dificuldades diversas e mudou-se de um lugar para outro em busca de oportunidades melhores de sobrevivência. Em uma dessas mudanças, acabou tendo como local de moradia uma velha casa em uma propriedade rural não muito longe do centro urbano da cidadezinha onde quase sempre viveu. Pobre, sua família não podia dar-se ao luxo de perder a oportunidade de morar a baixo custo mediante a troca de moradia por trabalho e um pequeno aluguel, ainda que na roça. A região era de economia agrícola e não havia muito o que fazer a não ser o trabalho no cabo da enxada.
Era uma casa velha e sólida construída no meio de um grande sítio rural. Isolada de todos, estava abandonada a muitas décadas. O dono atual não fora o responsável pela sua construção. Ele teria adquirido a propriedade rural já com a casa abandonada.
Minha avó morou pouco tempo na casa. Logo mudaram-se para outro local por um motivo qualquer e a casa velha foi esquecida.
Exceto por um detalhe.
Minha mãe morara naquela casa. Ela deveria ter uns cinco ou seis anos na época, por volta dos anos 1950. E ela vira algo do qual não se esquecera ao longo das décadas seguintes. Era um detalhe que ficara adormecido em suas lembranças, mas fora despertado em uma conversa em uma certa noite tempos depois.
No final da década de 70, passadas quase três décadas, em um desses sábados de conversa na casa de minha avó, alguma lembrança levou algum dos parentes presentes a comentar sobre a velha casa em que moraram a trinta anos atrás. Minha mãe lembrou-se do detalhe curioso daquele lugar até então esquecido. Ela se lembrou de que a casa tinha as paredes estranhamente grossas, como se tivesse sido construída com tijolos maiores que o normalmente usados na região. Ela sabia do que falava porque a família toda trabalhara em olarias ao longo dos muitos anos de penúria. Aquela casa não tinha paredes normais. E mais: havia um quarto na casa, o maior deles, que tinha uma estranha particularidade. Na época em que eles moraram na casa, ela era já uma construção velha e amarelada pela poeira do tempo. Então aquela particularidade parecia não fazer sentido do ponto de vista de um ocupante que não tivesse visto a casa em sua ocupação original. Sem os móveis e demais objetos que primeiramente ocuparam os cômodos da casa, disponibilizados ao gosto de seu morador original, era difícil saber para que a particularidade poderia servir ou ou o que poderia significar caso não tivesse nenhuma utilidade prática. A disposição dos móveis certamente ofereceria alguma indicação do uso daquela particularidade, mas sem eles a razão daquilo era incerta e evidentemente despertava curiosidade nos novos ocupantes da casa.
A particularidade era um furo, uma espécie de escavação na parede em forma de cunha ou de uma pirâmide cuja base era do lado do quarto maior e cujo vértice era um furo de apenas alguns poucos  centímetros dando para o quarto vizinho ao lado do quarto maior.
Para que serviria aquilo? Minha mãe simplesmente comentara naquele sábado que sempre achara aquele buraco algo muito estranho e curioso.
Ela notara que todas as portas eram de madeira grossa e sólida, muito rústicas e incomuns nas casas da região. Lembrou-se então de que um dia alguma das crianças estava brincando em uma das portas da casa e notou algo diferente em um dos batentes. Era uma espécie de bloco de madeira encaixada que ao ser manipulada pareceu estar solta, como uma espécie de uma pequena porta sem dobradiças. A criança chamou o meu avô e este usou uma ferramenta qualquer, uma faca talvez, para deslocar o bloco de madeira de seu encaixe no batente da porta.
O bloco de madeira saiu de seu encaixe e revelou uma espécie de cofre escavado no batente. Dentro do cofre, uma lata velha tampada, completamente enferrujada pelos longos anos dentro do estranho esconderijo. Apesar da surpresa do achado, a lata estava vazia.
Aquela lembrança de minha mãe naquele sábado em família serviu como uma chave para algo que minha avó sabia, mas não minha mãe. Evidentemente que minha avó se lembrava bem daquela casa. Afinal vivera nela como uma adulta, uma mãe de família. Como haveria de não se lembrar?
Mas não era só isso que minha avó sabia sobre a casa. Ela, como uma adulta na época, sabia detalhes da história da casa que minha mãe, na época uma menina, não conhecia. Como o assunto da casa ficou esquecido por longas décadas, nunca ocorrera à minha avó contar tudo o que sabia sobre aquela casa à minha mãe.
Certo, há coisas que crianças não estão preparadas para conhecer. A história daquela casa era uma dessas coisas.
Mas aquele sábado era um outro momento no tempo. Minha mãe era agora uma mãe de família, adulta e capaz de suportar sem se perturbar as coisas estranhas da vida. E minha avó resolveu falar o que sabia sobre a velha casa e suas peculiaridades arquitetônicas.
Sim, aquela casa era mesmo uma casa peculiar. Quando mudaram-se para lá, disse minha avó, a casa não fora ocupada por mais ninguém além de seu proprietário original. Ficara longos anos abandonada. Mas por quê?
Ora, as pessoas já naquela época ficavam curiosas com esse abandono. Evidentemente meu avô e minha avó sabiam que a casa estava desocupada quando tiveram a oportunidade de ir morar lá. Certamente perguntaram sobre o porquê do abandono de uma casa tão próxima da cidade e ao mesmo tempo uma construção de aparência tão sólida e respeitável.
O proprietário atual lhes contou então o porquê.
A casa fora construída por um imigrante europeu na época das concessões de lotes na reforma agrária que buscou povoar a região no começo do século. Esse imigrante, no entanto, era de um país pouco conhecido por fornecer gente naquela região e mesmo em qualquer outra parte do país naquela época. Era um imigrante russo.
Era conhecido por todos como Miguel Sinicof.
Seria Sinicov? Sinikoff?
Não se sabe.
Era uma pessoa estranha e reclusa. Poucos moradores da região sabiam sobre seu passado ou sobre sua vida. Ele construíra e ocupara aquela casa grande e sólida.
Não sei se morreu de velhice. Provavelmente sim. Não deveria ser uma pessoa nova quando migrara da Rússia para o Brasil.
Rússia?
Não sabemos. Poderia ter vindo de qualquer país do Leste europeu. Ucrânia? Letônia? Não sabemos.
Viera quando?
Provavelmente pouco antes ou pouco depois da Revolução Comunista de 1917 e da Primeira Guerra Mundial, a Grande Guerra.
Saíra do seu país por qual motivo?
Não sabemos. Fugindo da revolução ou da invasão alemã? Salvando-se da guerra civil que varreu a região até 1922? Quem sabe?
Viera com quem?
Não sabemos. Provavelmente viera sozinho. Provavelmente deixara família, ou sempre vivera sozinho sem família.
Era rico?
Não sabemos. Aparentemente não era de todo pobre porque uma pessoa sozinha precisa de algum dinheiro para migrar de outro lado do mundo e se estabelecer em um país estranho cuja língua não domina e nele construir uma moradia acima dos padrões de construção locais.
Mas era rico?
Não sabemos.
O que sei é que minha avó tomou conhecimento de que Miguel Sinikoff era não só uma pessoa isolada e estranha, mas na verdade um assassino frio e calculista.
Não há como saber como a história de Sinikoff veio a conhecimento do então novo dono daquela casa, mas a história foi contada como um fato aparentemente certo. Sinikoff era um russo solitário que tinha ainda relações com seus conhecidos concidadãos russos.
Por meio de correspondência escrita, a única maneira de se manter contato entre um país e outro naquela época, Sinikoff recebia e enviava cartas a amigos e parentes russos.
Era questionado sobre o Brasil. Era um lugar acolhedor? Ele estaria sendo bem sucedido nele?
Sinikoff respondia que estava muitíssimo satisfeito e próspero. O Brasil era terra dos sonhos dos russos. Não via porquê os russos não emigravam mais para cá. Sinikoff mostrava-se um anfitrião solícito, patriótico e acolhedor. Por que o querido amigo ou parente não vinha para cá também? Ele, Sinikoff, poderia ajudar no que fosse possível. Ele estava prosperando, tinha uma bela e grande casa no campo e poderia abrigar os russos até que se estabelecessem na região, rica, com terra farta e gratuita dada pelo governo local. Por que ficar mais na Rússia convulsa pelo caos revolucionário sob risco de perder todas as suas propriedades e morrer em batalhas ou gulags?
Seria mais ou menos esse o apelo feito por Sinikoff em suas cartas escritas em um cirílico impossível de ser lido por qualquer brasileiro mal alfabetizado naquele começo de Século XX?
Não sabemos.
O que sabemos é que Sinikoff conseguiu convencer muitos de seus conterrâneos a mudar-se para a região. Não sabemos quantos ao todo, nem como vieram. Provavelmente embarcaram em portos europeus, portos russos talvez, e chegaram no Brasil seguindo de trem até a região então recentemente explorada. Malas, baús, caixotes, famílias inteiras? Certamente não. Amigos aventureiros e ambiciosos? Certamente sim.
Por que sabemos que vieram aventureiros solitários e não famílias grandes?
Porque Sinikoff tinha um plano para seus hospedes.
Sabemos que Sinikoff recebeu muitos compatriotas, que foram recebidos em sua sólida casa de campo. Desorientados, sem saber falar a língua nativa, não poderiam ter melhor acolhida do que a casa de um russo bem sucedido no local.
Sinikoff cedia um dos quartos da casa ao hóspede russo. Informava-se dos planos do recém chegado. Colhia informações sobre a situação financeira deste. Avisara nas cartas de que era preciso vir com algum recurso para se começar a nova vida. O recém chegado se precavera financeiramente para o começo da vida no Brasil?
Não sabemos se todos vieram precavidos.
Para Sinikoff não faria diferença, embora ele preferisse que a pessoa estivesse precavida. No final, o resultado era o mesmo.
Sinikoff esperava a noite cair e o visitante dormir.
Pelo nicho na parede, enfiava o cano de uma arma, provavelmente uma espingarda ou um revolver, no buraco de alguns centímetros no fundo da pirâmide na parede. Miraria a cabeça do visitante?
Não sabemos.
O que sabemos é que provavelmente Sinikoff matou a tiros várias pessoas que se deixaram enganar pela sua história de prosperidade e solidariedade.
Seriam os corpos enterrados em algum local no vasto campo à volta? Sinikoff se apropriaria de toda a bagagem e valores que pertencesse à sua vítima? Ou mataria por vingança, ódio ou prazer assassino? Não sabemos.
Sinikoff era um assassino em série.
Não sabemos se foi preso ou ao menos acusado desses crimes. No entanto, não seria muito difícil para os moradores da região desconfiar de que algo não estava correto com aquela comunidade de russos que nunca crescia, embora nunca deixassem de se comunicar com o mundo por meio de cartas e mais cartas em um alfabeto e língua estranhos e de ter novos membros de tempos em tempos chegando na pequena estação de trem da cidadezinha. Afinal, havia testemunhos de que os russos chegavam de alguma forma. Então, para onde iam? Por que não eram mais vistos depois de chegarem? Uma casa, ainda que grande, não pode acolher um número sempre crescente de moradores. Onde estavam os russos, se somente Sinikoff era visto com alguma regularidade, ainda que esquiva?
Agora o buraco na parede do quarto fazia sentido.
Em algum momento no tempo entre a chegada de Sinikoff e os anos 50, quando a casa foi ocupada pela família de minha mãe, Sinikoff saiu de cena. Ou morreu, ou mudou-se da região, ou voltou para a agora União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, ou para algum outro país comunista ou prestes a se tornar comunista do Leste Europeu. Não sabemos seu destino.
Sinistra, mas verdadeira essa história?
Ela nos foi contada no final dos anos 70 por minha avó. Foi uma surpresa para a minha mãe e também para mim e meus irmãos, que a ouvimos naquele sábado ou domingo perdido no tempo.
Os anos passaram.
Em algum momento a antiga casa foi demolida. Provavelmente o fora ainda nos ano 50, 60. Nunca a vimos. O terreno era um campo cultivado regularmente como outro qualquer. Pouca gente saberia dizer onde nele estivera a antiga casa demolida.
Cresci, virei um adolescente, depois um jovem adulto, e fui morar longe dessa cidade onde morava minha família.
Esqueci-me desta história por longos anos.
Mas minha família continuou a viver na pequena cidade. Meus irmãos cresceram também e continuaram vivendo por ali, embora que não por todo o tempo. Mas viveram e vivem lá, e conheceram melhor seus moradores.
Meu irmão mais velho, já adulto, em um dia qualquer, em uma conversa qualquer sobre um assunto qualquer, acabou por acaso conhecendo um cidadão que era dono de um pedaço de terra na área onde ficara a casa de Sinikoff. Meu irmão lembrou-se da velha história de minha avó e, como quem joga um anzol ao acaso, comentou que nossa mãe já morara naquela região. A conversa ganhou um rumo e despertou a curiosidade do novo amigo. Meu irmão questionou sobre os antigos moradores da região e citou a história do estranho russo. Surpreendentemente o amigo também já ouvira falar desse personagem. A terra da qual era dono fora a terra onde minha mãe morara. Ele confirmou que ouvira falar que a terra outrora tivera uma casa antiga, mas que não chegou a conhecê-la, porque ela fora demolida a muitos anos atrás.
Meu irmão, encorajado pela confirmação positiva ao menos do nome do russo Sinikoff, contou sobre a lenda das mortes por tiros vindos de um furo na parede.
O amigo, surpreso, pareceu ter encontrado a chave de uma charada própria que vinha lhe incomodando a longos anos. Ele deduziu que a história dos assassinatos em série deveria ser verdadeira porque, embora nunca ninguém mais a houvesse mencionado antes, ela fazia sentido e justificava um outro fato estranho. Alguém antes dele, algum proprietário anterior, mas certamente não o dono da terra na época em que minha mãe lá morou, certamente alguém em tempos não tão antigos, porque a casa velha já não existia, comprou a terra vazia e inculta, abandonada no tempo. Disposto a fazer valer o dinheiro investido na nova aquisição, pôs-se a cuidar dela. Limpou o mato, capinou e se planejou para cultivar a terra. Em um determinado dia, tomou de um trator e se pôs a gradear a terra, que aparentemente jamais recebera tratamento algum antes, embora não fosse virgem em sua superfície visível. No ir e vir da máquina, em determinado local notou alguma irregularidade no terreno e resolveu sondar o que era.
E, entremeio à terra revolvida, as ossadas humanas começaram a voltar à luz do dia. O trator acabara de passar por sobre covas ocultas, em número não determinado, mas certamente não apenas uma ou duas, mas várias, um pequeno cemitério secreto, oculto do mundo por longas décadas. Ossos de animais? Uma olhada mais acurada e não, não eram de animais. Eram de humanos.
Como provavelmente não havia mais nada além dos ossos, nenhuma lápide, nenhum outro objeto mais duradouro, o trabalho do trator seguiu em frente e não se pensou mais nisso. O fato deve ter sido comentado casualmente em casa ou com alguns amigos, e a história caiu no esquecimento.
Mas agora ela está aqui, neste blog.
Meu irmão tomou conhecimento das ossadas por volta de 1995. Eu a soube por ele depois de alguns anos. Sinikoff certamente morreu impune.
Suas vítimas, no entanto, foram encontradas. Levou no mínimo 60 anos até terem seus ossos descobertos. E no momento em que narro aqui neste blog suas histórias finais, já se passaram 100 anos de suas mortes.
Não sei quem foram, seus nomes, suas fisionomias, onde nasceram, como e com quem viveram, se tinham filhos, esposas, mães, porquê vieram ao Brasil e nem de onde vieram. Mas é quase certo que vieram a morrer dormindo, traídos por um assassino em série. 
Lamento não saber mais sobre o assunto.
Lamento não ter os meios de se investigar mais.
É uma história cujo final a injustiça vence.
Ainda que essas vítimas fossem criminosos, nem por isso seria menos criminoso o assassino que as matou. É um final injusto e triste.
Mas é uma história que reforça a percepção de que não se pode confiar plenamente nos seres humanos.
Quer dizer, podemos confiar na maioria deles, mas nunca saberemos quem atirará em nossas cabeças numa noite escura qualquer, e nos enterrará em uma cova rasa.
É sempre bom ter alguma dúvida de estranhos.
E dos não tão estranhos.

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