Caso 33 - Agente 86

O presente caso não é exatamente um caso, mas a história do desenrolar de meu interesse por um dos assuntos que trato neste blog: espionagem.

Quando menino, via televisão e havia uma série de programas interessantes, mas havia um deles que era especialmente atraente para mim: era o Agente 86.

Em uma época de Guerra Fria, o espião atrapalhado dispunha de artifícios e aparelhos desconcertantes, além de inteligência e esperteza, que deixavam todos fascinados. Era o sapato-telefone, era um conjunto de recursos baseados em tecnologia de espionagem real usada pelas grandes potências e países satélites ao longo das décadas de 40, 50 e 60 e que faziam sentido em serem usados na época. Eram engenhocas pensadas para ajudar, surpreender, enganar e permitir a segurança dos espiões e era certo que havia gente muito curiosa e engenhosa por trás de tudo. Sem falar da belíssima agente que o acompanhava.

Claro que depois descobri James Bond, com Pearce Brosnan, e era ainda mais fascinante, porque era já uma época em que eu era adolescente e entendia um pouco de como o mundo funcionava naquela época, mas nem por isso o Agente 86 deixa de ter seu encanto e sua utilidade como fonte de aprendizado e de diversão. Os filmes da série James Bond eram agitados, sérios, elegantes, atuais, sinistros e heroicos. Os episódios de Agente 86 eram atrapalhados, bizarros, sexys, sedutores, burocráticos e sagazes, além de obviamente divertidos.

Mas tudo era baseado em um mundo tristemente real. Havia exagero e piada, mas o tema jamais seria sucesso de público se não fosse algo que não tivesse base na realidade, e a realidade é que vivíamos uma Guerra Fria.

Mas o tempo passou e aparentemente essa guerra acabou.

E o que foi feito desse mundo todo de espionagem?

Ao longo das décadas, houve a fim da União Soviética e aos poucos as informações do que havia na Cortina de Ferro foram surgindo. A Alemanha Oriental despontou como um mundo paranoico e altamente complexo, com milhões de pessoas envolvidas na indústria da desconfiança e da espionagem internacional. A KGB deixou de existir e parte de seus arquivos foram abertos. Casos interessantes foram revelados. E nos Estados Unidos as leis regularmente exigem a abertura de sigilo de dados governamentais de décadas passadas, com informações geralmente muito interessantes também sendo reveladas sobre assuntos que por vezes já caíram no esquecimento, mas que por vezes não, e são polêmicos o suficiente para despertar interesse décadas depois, e suas informações são aguardadas com ansiedade pelas pessoas que gostam de novidades e de surpresas.

De minha parte o mundo da espionagem me parecia um mundo no qual os tolos não têm vez. Um mundo no qual pessoas normais não teriam chance alguma. Um mundo no qual somente os iniciados teriam alguma chance, embora que pequena. Para mim, o mundo da espionagem seria aquele em que somente os bons, os muito bons, seriam capazes de sobreviver, e mesmo assim ocasionalmente teriam de enfrentar o risco da prisão e da morte.

Como não se interessar por um mundo desses?

Esse mundo existe.

Porque não entendê-lo melhor?

Se pudesse, assistiria todos os capítulos da série Agente 86 com um olhar de adulto. Sei que parece bobagem, mas é evidente que há algo de real neles.

Se você já assistiu ou sabe onde assistir a série hoje em dia, me avise. Sim, eu sei, existe o Google, mas não custa nada ajudar.

Se você gosta de espionagem, conte-nos sobre o que lhe atrai e, se puder, conte-nos sobre casos que conhece, embora sem correr riscos.

Não queremos que você morra por revelar demais o que não pode ser revelado.

Cuidado!

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