Caso 4 - Os potes indígenas

Assim que comecei a frequentar a escola, em 1977, logo aprendi que nosso país fora descoberto por portugueses e que antes era ocupado por índios.
Então, em algum momento naquele ano, ou no seguinte, não me recordo, houve um comentário em umas dessas aulas de História que chamou minha atenção e despertou minha curiosidade de maneira permanente. Como disse nas postagens anteriores, eu cresci em um vilarejo no interior do Brasil. No entanto, até onde me era permitido entender e conhecer o local onde morava, não havia indícios de índios naquela região desde muito, muito tempo atrás. Aquela era um região de laranjais e canaviais e riachos com belas matas e colinas suaves, mas nada ali indicava ter sido o lugar a moradia de índios algum dia no passado. Certamente o fora, mas nada restara desse passado. O arado, o trator e a enxada acabaram com qualquer resquício de índios ao longo das décadas, se é que houve algum resquício a ser esmagado, capinado ou pisoteado.
Mas então ouvi uma professora comentar sobre alguns achados dos índios. A pequena escola onde estudávamos possuía apenas algumas salas pequenas e o estágio mais avançado de instrução ali ia até a oitava série do primeiro grau. No vilarejo moravam uma ou duas professoras e as demais vinham das cidades vizinhas, não muito longes, afinal de contas. Mas naquela época, sem Internet, sem telefone, sem carros e sem jornais no pequeno vilarejo, era como se vivêssemos na Idade Média. Aprendíamos as coisas pela tradição oral. Era tudo na base da conversa. Não conhecíamos a cidade onde morava a professora que contou a história dos índios. Era uma cidade próxima, mas ao mesmo tempo desconhecida. Bem maior do que outras cidadezinhas também próximas, esta cidade iria ser servida por uma rodovia que estava sendo aberta naqueles anos dentro dos padrões modernos de tecnologia e, segundo nossa professora, em um desses trabalhos de máquinas onde se deveria ter aberto algum morro para a passagem da rodovia, um maquinista mais atento notou que em meio à terra revolvida havia algo que diferia da terra nua, e ele resolver parar e averiguar o que era esse algo. 
Eram, segundo a nossa professora, vasos de barro feitos pelos índios em épocas ignotas, enterrados ou por eles mesmos ou pelo revolver dos solos ao longo das chuvas de tempos passados. Não se falou sobre o quê continham, se estavam inteiros, quantos eram, a que profundidade foram achados, para onde foram levados, quem tomou conta deles a partir de então. Somente se falou que foram achados.
A semente, no entanto, já estava plantada em mim.
A partir desse relato passei a ver o solo comum como um mistério com seus próprios segredos. O que o passado nos escondia? Quem vivera neste ou naquele lugar? Quão antiga era essa terra que agora tinha em minhas mãos ou sob meus pés? E essas pedras coloridas, quando surgiram e quão antigas eram? O que pensaram nossos antepassados? Como viviam? O que faziam diante das dificuldades e problemas do dia a dia? Como explicavam os fenômenos da natureza?
Então, e aos poucos, fui aprendendo sobre os povos antigos da Bíblia, e os egípcios, e as eras geológicas, e sobre a Astronomia, e por fim, bati de frente com as dúvidas e mistérios que a ciência ainda hoje não é capaz de responder.
Se você se interessa pelos mistérios do passado, deixe seu relato aqui. E se você teve alguma vez alguma experiência com algum ponto cego relacionado ao tema, sinta-se à vontade para relatá-la também.
Vá em frente.

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